segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Tempo Confidente

Observo, distante, as serras que se encontram no fim do céu.

Canto líricas enternecidas por ritmos quentes,
Que abraçam as entrelinhas da minha saudade.
Sorrio quando estou sozinha
Para saber que ainda procuro a irremediável felicidade
Que me mantém, ainda que longe,
Junto dos seus segredos mágicos.
Anseio poder contemplar as tuas asas
Que se alongam até aos lábios frios do Tempo.
Este Tempo... que corre, a cada dia, com mais pressa,
Com menos esperança, mais amargo,
Num balanço triste, mas acelerado.
Aquele confidente que chega sem avisar,
Que te deixa feliz,
Que permite que te encontres,
Que te mantém atento aos despertares...
Mas que te consome!, de maneira egoísta,
Entregando-te a perene incerteza de nunca mais voltar.

Quero a mocidade do teu elixir celeste,
Que abrasa o feminino toque esquecido das pétalas
Que sobre nós correu quando te encontrei.
Mas é fatal saber que não posso consumir
Os lábios doces da magia eterna
De um remoto, mas tão lúcido momento.

Vou caindo, devagar, enquanto anseio e desejo
Que aquele confidente me encontre, me ampare,
Tentando amenizar a sua constante partida,
Que não espera, que é lúgubre, incontrolável,
Necessária.

O Tempo saiu, para nunca mais voltar.