segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

II

Em que razão se apoia o cego
Na contemplação das cores
Que perdem o sentido
Se na razão lhe pintam dores?
E em que passo ouve a calma
Do cego sonhador, que sereno
Entoa a voz de um Trovador?
Em que parte jaz a cega virtude
Se na cegueira se pinta de negra atitude
E do romance se assassina
A esperança, que venha ela
da Juventude...

Espelharás a dor no suspiro inquieto
Que te imaginas incerto num vidro desnudo.
Nessa virtude que fará voar cego
E na plenitude do mistério que vive do som
Patente da glória que esmorece a vitória
Seríeis perdedor na tua dança do pecado
E em volta do abismo ledo
Desanuviaríeis a inspiração na escritura iminente
Que revolveria das Frias Vontades.

2-05-11

Serpente

Perdido, inútil.

Corre sem rumo pelas areias
                                            mortas
                                                       e
                                                          sem
                                                                 cor.

Derrete    a           cada               passso                                sssoofrido.
a cada inspirar sseco,
a cada movimento BRUSCO

                                                        Onde
                                                         está
                                                         ela?
Serpente encantada de cor Ciano e Prata. Revestida de Pérolas e Diamantes escorridos pelo veneno Bo...o...r..bo...lh...ante..o.o.oo....ooo

A cada canto vazio percorrido ________________________________________________________|
a cada olhar de procura no i
                                       n
                                   f
                               i
                           n
                       i
                   t
               o  areal, onde o horizonte é turvo.
A cada receio soma-se menos menos um triângulo de esperança.
                                                                       

É incessante a busca, inevitável a dor, necessário o reencontro. Mas é demais!
A noite cerrada cai e apenas se ouvem os abutres. Sente-se o cheiro a de-com-po-si-ção e os Lábios regelam. Logo se sente o devastador arrepio.

                                                                    Ele adormece e acorda ao lado da Serpente, agora pó, morta, apenas.
Pinga em sua mão as  últimas gotas do veneno da união. 

Era a única conciliação possível, mas vivendo apenas de dia
tudo se ouviu, mas nada se entendeu

"I have to see you again and again
Take me, Spanish Caravan
Yes, I know you can."

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

KGB

Se conheço o vago das palavras,
A consistência doce do silêncio,
O amargo que fervilha no grito...
O amâgo, o bálsamo da respiração
O negrume que invade a lucidez,
púdica, nua.
Se passo, depressa, a longo passo
Alongo a rispidez pálida,
A aridez da contemplação, vaga...
Então desconheço cor,
Intocável prelúdio, o presente abatimento,
O marasmo e o desvio
Esquecimento... Morte. Oh,
Sempre o mais Doce Silêncio,
O som preenchido...
A cábula da Vida!
O desgosto da Hipocrisia...

"Tiro-te a vida e odeio fazê-lo... Promete-me uma solução."

Existe em mim um complexo inerente
À noção do que é saber do que é apreciar
Aquilo que nos faz viver.
É um êxtase mudo de dor e culpa
Que provoca a deplorável demência
De ver tal vaga alma imatura
Que enclausura o oásis da sabedoria
Na temível doença de não querer seguir em frente.
É partir. É preciso partir para longe
E não voltar...
Embora haja antes que se deixar
No esqueleto empoeirado que é ser
Nesta esfera ambígua
Os passos reais da cortina de sangue.
Essa vive! Intensa...
Acompanhada de fiéis escravos
Na penitência da fraqueza
Que existe em mim.
O erro nunca foi existires nesta bola de cristal
O erro sempre foi tentares encontrar
O que não existe nas redondezas desta doença
Que ainda não abarca definição...

(oTumulto)

Non (II)

Sei que recordas breve
A linha trémula
Daquele olhar silencioso
Por ser encoberta da hipótese
De um reflexo amrgo
Desprovido de sabedoria
Que teme a visão.
Devias procurar em mim
A plenitude interior
Que instiga a saliva
Dessa cobra que és,
No preenchimento de uma
Experiência que cantei,
Irremediávelmente no seu conjunto,
De Harmonia do Tumulto.
Caminharei à luz da sombra
Inerte, corroborará a minha sede
De noite e de breu.
Não me tires desse negro amor
Onde encontro a tua fecunda
Mão de ardor, que me atormenta
Na necessidade de retirar,
Sempre,
A pétala escrava do dia Iluminado.

Non

Esses teus passos têm insistido
Na mais doce canção que
Me ouviu cantar um fim...
Fico doente na pressa das Horas
Em que explode a palpitação,
De costume dormente.
Devias caminhar até mim, devias...
Numa saga insana
Da procura deliberadamente proibida
Para que o fogo-fátuo
Se torne na mais bela partitura
De uma dança intensa que
Eternize esse teu sorriso
Repleto de um olhar, só meu.
Que vem de mim, que Foi só teu.
Porque és feito desse ópio
Sábio de sexo, imerso em sabor
Que me adorna as vestes
Servidas da suculência
Provocada por esse teu sopro
Sopro...! Vivo e louco
Não me dês mais serenidade
Carrega-me, antes, desse teu
Romance viril, macho, que eu tanto desprezo
Ah...! Mas não tornes a dançar comigo
Esse teu balanço doce
Que me fez terminar a Canção.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Foi como entrar...

Quem quiser que atire a primeira pedra
não aprendo mais... apenas não o quero.
esse exacerbo corrompe infindo a nudez
dos corpos que se entregam à malícia da felicidade
não, não se pode negar
é flagrante delito! ah ah
não, não... não se pode transfigurar
é grave ser esquecido no tempo.


toca à porta, ninguém te vai atender
mas toca... pode ser que percebas que quem tem a chave...
és tu.
mas não esperes durante muito tempo
toca, e acelera o pensamento
não esperes muito no que corre o desalento
ou toca e foge
também é serviço para muito satisfeito
mas toca! antes que o som se desvaneça na podridão da poeira de Nada...

Un Peu De Grâce

 ...de onde pairam as asas imóveis
que libertam o suspiro da delicadeza
é o som onde procuro toda beleza
é na vaga passada da partitura em legato
que pinta a frieza da emoção.
Pois que o amor seja feito tristemente
em plenitude de consciência demente
para curar os loucos que nele procuram a fuga
e se é a vida que bate em monótono arritmo
é o teu suspiro que me faz respirar
com as asas de uma brisa
que pairam ao sabor do teu beijo doce
do teu enleio fraterno
da nossa razão perdida no amor eterno

L'amour c'est vous, mon cher...!