terça-feira, 5 de abril de 2016

"Sobre a razão estar cega..."

Enquanto escuto a razão
Sigo uma canção que já não sei interpretar.
O compasso acelera, aperta e desespera
Vejo duas luzes que se fundem, estalam,
Fazendo com que o tempo ecoe o teu nome.
Sucumbe a esqualidez nas flores da sala,
Enquanto oiço os teus passos em cima do muro,
Escolho ouvi-los, mas não consigo senti-los.
Mas ainda sinto, sinto muito, mas já não te sinto.
A canção que escutas já não a sei decifrar.
Perdi o nosso rumo, na direcção oposta em que sorríamos.
Para mim, serás eterno, mas nós já não o somos.
Escuta o ténue caminhar pela brisa e leva tudo de mim. 
Tudo de nós.
Também o farei, com a sensatez que sempre nos entregamos.
Juntos, mas longe.

O coração nunca para de bater

Adeus

A Noite Pertence-nos

Respiro devagar,
Tento conter a imensidão das ondas que me perseguem
Vou-me afogando nos segundos eternos, 
Enquanto a embarcação acena, ao longe.
Escuto, bem perto de mim, essas questões
Encontro, de forma clara e sensata, essas respostas.

É ter o corpo coberto de ti, é saber a direção, é encontrar-me.
É saber que o dia foi feito para nós e que as noites nasceram de nós.
É ter a certeza de que esse barco resplandece esperança
E que a sua tripulação não sentirá mais dor.
A angústia quer expelir as palpitações desmesuradas,
Mas a vida ainda aguarda serena a nossa chegada.
Fiel aos ensinamentos, serei a manifesta razão do coração.
Não, eu não me perdi.
Apenas cheguei ao entardecer, através desses olhos que vi.

Os teus olhos.

A embarcação despediu-se, mas sorrindo.


Felicidade Sem Fronteiras

Os anos passaram, uns intrépidos outros receosos
Mas voaram ferozes, estremecendo a abundância
Que sentíamos perante a vida.
Encontrámos sentido na simbiose das nossas almas
Ainda que por efémeros momentos… mas encontrámos.
Foi o inicio da canção que, até hoje,
Nos faz adormecer, sorrir, entristecer, seguir.
Os anos passaram, mas as memórias permanecem
E parecem possuir-nos, de louca sensatez,
Nos recambiando para a ingenuidade dos nossos lábios,
Do nosso toque, das nossas descobertas.
O fumo emanado dos nossos cigarros
Nos fazia sonhar com a boémia futura, com o fruto proibido,
Com um amor escondido, longínquo, a ser vivido.
Os anos passaram e a saudade só engrandeceu
De forma doce e eterna, o sentido que procuramos existir
Na fria e nostálgica amargura da igreja que consagrou o beijo.
Afinal os momentos terão sido perenes…
Renasço com tuas palavras sinceras,
Que me abraçam na turbulência das horas
Aguardando o encontro das andorinhas que fogem da monotonia
Tentando ser livres da tragédia de morrerem ilesas.
Dançamos ao sabor das luzes intermitentes
Por entre os estranhos que nos amam,
Cumprindo as lágrimas que devemos àquela inocência perdida,
Mas continuando a amar, juntos, a genuinidade da nossa esperança.