quarta-feira, 23 de março de 2011

Kronos


Quem cala o eco
Digno misantropo
Na calma devassa
O grito etéreo, arritmo
Dissonante na alma
De um deslize
Que se denuncia na palma
Alma… tenha calma
Tento
E perspicácia
Torne ataraxia
Para que elucide
Ignorância de viv’alma…! 

Salvador Dali - o Tempo

terça-feira, 15 de março de 2011

O Que Eu Vi…


O que eu vi
Na triste leitura da tua íris
Um mergulho disperso no vago
Tão profundo que atrasou o tempo
De anos e memórias que não conteve
Chorou ao som do esbater da luz
Envolvia-o com as minhas medidas
E acompanhava, na incompreensão, o seu trovo

Qual afago ou ternura…
Soluçava sem amparo
Meus olhos congelados assim permaneceram
Tentei cantar o embalo

Tornou um calor de chão trémulo e árido
A luz voltou… e o som!
As cores e os odores
Foi quando acordei, numa continuidade ofegante
E cai em meu amante então dilacerado
Que baqueou o meu compasso
Mas… atentei… e indaguei
Como dormia tranquilo! No seu doce respirar
Que massaja os seus lábios minuciosamente pintados
De um tom leve e de prumo, que se mantinha claro
Como o nada que esconde a orquídea do campo azul
Que é só tristeza… que não dorme a alma…
Que contém, nunca extravasa
Se é linda! Esta minha teia em meus cabelos enlaçada
Que não chora! E se chora de firmeza
É linda! E nobre…
E eu… tão fraca e feia

Um pouco mais de azul e serias fraca oh teia
Um pouco mais de razão e eu ficaria aquém oh harmonia
Assim findamos e compensamos o amor
Na mais estável fúria dos nossos lábios

Meu Amor, por quem te chamo, Este é o caminho, com todas as pedras em sintonia.

domingo, 13 de março de 2011

Libertação

Se me ponho Romântica
Ultrajo a irrelevância
(Não peco em silêncio)
Vingo a ganância

Se nele se desacredita
Apedreja-me a noite interdita
(Não peco em silêncio)
Venero a dor, expedita!

Crio fardos em lábios
Confundem odes os sábios
(Já não peco em silêncio)
Mantenho cativos os doces escárnios

Induzida, fria, altiva
Estagno a brisa nociva
Agora grito o pecado (em silêncio)
Agonizo o Amor que se aviva…

Veneno


Dominei o véu da demência
Num silêncio absorto, porém quebrado
Por ora em constância
De tal seriedade fictícia
Numa credibilidade nula abraçada
Leu-me a mim e em mim, com veemência
Um cheiro putrefacto, um suspirar abstracto
De uma alma perdida no olfacto, no toque, no acto
De um olhar vago, um contemplar morto
- É esta a loucura de um objecto inanimado.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Entre o Negro e o Azul

Qual a cor dos degraus que encontra a pétala
Adormecida
De tez plena e terna ou exângue, fria
Lívida
Num furto intencional de pele doce
Esquecida
Pelo frio que demanda a clareza
Estarrecida
Pela porta de negro carvalho alto
Estremecida?

















(Parou)
Envolto da cega luz que prevalecia
Dormente
Enlaçou a cinrcuspecção trémula, suspirando
"Sente...!"
Trôpega pétala, desmaiando a chama pelo degrau
Lentamente
Tornando seu olhar vago ao sensato
Clemente
O véu desmoronou na brandura que
Mente
O auditório sorria prolixo e
Tristemente...


(Bravo! Palmas!) - de um Alguém-Decadente

Lodo

Insígnia do complexo que parte rompendo indícios rupestres
Previne a falácia em contradição de toda a retórica
O mar uníssono em sintonia monótona perdura... conciso
Inverosímel na dor crua do antitético floral
Fauna morta por noites de fausto, tortuosas, implacáveis
Num destino inviável de cor ocre
Sem fundamentos...