terça-feira, 20 de agosto de 2013

Messalina

Consequências ávidas sustentam a tua busca irresoluta
Múrmurios consagrados albergam em ti o néctar da escuridão
Conservas plenas as carícias inférteis das serpentes das águas
Impeles à conquista furtuita das feras descarnadas

"Ao longe, os múrmurios entoam preces mágicas"

Lentamente segregas toda a energia que te corrompe
E investes nos enganos que te alegram a indecência

"Ao longe, os eucaliptos secam os pântanos e troçam firmes dos risos leigos"

O rio sábio escoa por entre vertentes crentes na tua malícia
E tu escondes, braços presos na soturnidade do ser,
Toda a inocência que em ti te abisma.

"De perto, olhos esfíngicos controlam a tua ira..."

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Anacronia

Gosto, com luxúria, do passar nocturno das horas
Dos segredos percorridos nas memórias das árvores, pesados
Encontro, no prisma irreverente da ruptura do encanto
As palavras ternas mas vazias que me entregaste
Padeço, trémula, na obscura velocidade das palpitações remanescentes
Prendo a mim as loucuras doces da minha essência
Que encontra em ti as horas perdidas
Percorro as oníricas recordações das volúpias, incessante
A teia saboreia e marca a eternidade que me separa de ti.



Mas acredito, na virtude das nossas asas,
Na inércia dos nossos corações,
Na longevidade da nossa ternura,
Na paixão dos nossos olhos,
Mas, sobretudo, na cadência das nossas almas.
Acredito, mas não espero.



                                                                                                                         
                                                                                                                                         Je suis fatiguée...

domingo, 18 de agosto de 2013

Belladona

"O segredo da montanha falou mais alto que a grandeza da eternidade"

Souberam-no falácias eruditas da beleza
Amaram-te beladonas foragidas em apoteoses megalómanas
Encontraram-te no desespero das amarras negligentes...
Profanaram-te! aos ouvidos diligências desgastadas.

"Mas o segredo acordou a verdade e no teu leito reapareceu mordaz! a Harmonia"



Mandrágora


Leves passos encobriram o sol que queimava por entre as folhas inertes

A luz inebriante avistava longe os teus cabelos que, consonantes,
Se agitavam por entre as estepes
Acorriam a mim as vestes negras das sepulturas apaixonadas
E em mim habitavam olhos incandescentes pintados de mandrágora
Levemente, os nossos corpos se encontraram solenes
Por entre o crepúsculo já entardecido 
E peregrinos nos mantivemos por funestos momentos de lucidez.

Encontrámo-nos no limbo entre o tempo e a eternidade
E desfalecemos ao cair das treze badaladas...
Incrédulos! - Incoerentes escárnios veneráveis sobre nós se esbateram
E, incansavelmente entre nós, fulminaram cadencias intangíveis
Da morte da Lua Lobo.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013


Espero. Por onde debita o colibri o seu cântico incerto
Por entre a casa que mora sozinha.
Espero, em extâse, pelas fadas e a Quimera na noite escondidas
Pela serpente que pelo fogo sibila, que anseiam apoteoses cor de lis.
Espero, porque tenho vontade de esperar, porque não existe
Nem tempo nem o momento. Apenas espero.

Ausência.
"Espero pela vida".
Pairavam no ar penas e luzes trémulas
"Espero pela vinda".
E o pano caiu. 

A espera é a vida que morre na quimera do exílio.


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Resurrezione

Eu vinha de longe, extasiada por quimeras, seca como cipreste
Contudo lúcida e porém calma.
Vinha e ia, mas nao sabia.
Talvez seria por entre a lagoa onde te afundavas que passaria
Talvez seria pelo pantano escabroso onde te pisaria
Ou talvez, por mero acaso, fossem os campos de concentraçao onde trocámos rubis clandestinos
Não, meu amigo, não nesses campos. nos outros, onde sorriamos.
Eu não sabia.
Mas teria de passar, de voltar, de te atravessar.
Mas não podia o tanto quanto queria.
E entao descansei, à chegada solene da madrugada encolhi-me
Abriguei-me no sopro cadente das estrelas, onde do tumulto se ergueu a harmonia.