sábado, 26 de setembro de 2015

A Solidão nos Recantos de Portugal

Desperto, ainda um pouco inconsciente,
Para as palavras vãs do meu sossego.
Invado as preces de uma paz difusa,
Que encontra o entardecer em anseio.
Soletro o teu nome
E procuro embeber-me das tuas sílabas
Enquanto me esqueço das ruas
Pelas quais deambulo.
Estremeço ao som pesado das folhas secas,
Foto de Eduardo Mancini da Silvaas folhas secas
Que se contorcem e quebram,
Quando se abraçam com a pólvora
Que dança por entre a poeira da calçada...

Pois estou só
E só continuarei.
Enquanto surda permanecer
Aos gritos lúcidos da minha sensatez.

Sento-me entre os degraus das divagações obtusas,
Inquietantemente confusa,
Enquanto espero que os rios, agora negros,
Desaguem certos em meus pensamentos.
Desespero pela minha solidão.

Estou só, mas não sei fazê-lo.

Construo, a cada dia,
Mais um quarto vazio
Para que possa encontrar a solidão
E aprender a sábia paz dos seus recantos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Te Ilumino na Escuridão

Permaneço intacta ao Sol que brilha em meu redor
Permaneço fiel aos meus erros

Enquanto trago meu cigarro condenado à imortalidade
Que brilha por entre o odor ébrio desta canção.
Quando pensamos que temos o mundo em nossas mãos
É o irreal que se acende em nossa razão.
No passo alegre que surge da ilusão perene
E que ilumina o nosso triste destino, que não é um atalho
Tão pouco um desvio…
Meu bem, como me entregaste as palavras
Eu te entrego de volta os capítulos eternos do meu desassossego
Que paira resplandecente nas sombras da paixão
Leve, suave mas sonoro
Como a tua sagaz sabedoria
Que é serena e ainda um pequeno verso que se alinha
Na perfeição da tua jovialidade.

Ecoa no ar, no meu ar,
A tua livre juventude
Aquela que me sorriu, tão plena e sincera
A tua beleza ingénua
Que me fez encontrar meu novo mundo.

Obrigada.

Versos Perdidos I

Quero ainda pagar a divida do esquecimento
Que deixaste na minha porta, como um vento que arrebata as folhas
Seja de um outono ou de um inverno qualquer.
Mas pagaste-a tu, na distância que conseguiste do gesto
A intolerância...
Mas é esse o teu abrigo quando o vento passa
Quando passa forte e nem ousa chamar.
Ele apenas bate, seja de frente ou transparente
Sente-lo na boca da tua voz...
E ousas passar despercebido com uma folha que parte na obliquidade
Ousas passar distante quebrando a força desse poder esquivo
Ousas sem pensar na vida, assim é,

O inquilino já perdeu a esperança
Agora toda a residência é tua
Podes desfruta-la até ao desdenhar de teus nobres herdeiros
Como sempre tua.


Ei! Não te esqueças, meu herdeiro...