quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Escarlate

O entardecer era quente, embora distante
O Sol emudecia e, devagar, se recolhia
Num incontornável torpor escarlate,
Que fulminava a viagem entorpecida da mente.
O olhar felino, curiosamente, resgatava o oceano
Que oscilava constante.
E por entre tumultuosos bradares, 
Face a tão inconvenientes, mas supostas
Comunhões espirituais,
Encontraram-se no limbo do prenúncio da desvinculação,
Da usurpação, da rejeição.
Os tremores sucumbiam à pacificação do momento
Que antecipava glória,
Enquanto se adornavam de vestes desastrosas
E se regozijavam fortuitamente,
Sublimaram a degustação do tempo,
Já envoltas de neblina feroz 
Que anunciava a despedida vacilante,
Eminente mas, que da forma mais ingénua e diáfona,
Conhecia tão desejado retorno.

O imprevisto atua, da maneira mais súbtil,
Naqueles que são laços pré-destinados.