domingo, 31 de julho de 2011

Uma Boa Noite

Mas se tudo o que passa na preocupação é vão
então farei questão em marcar todos os instantes nas pegadas das horas
que criei nesta montanha-russa da paixão
que todos dizem não passar da adrenalina de uma volta.
Não. essa volta terá outra volta e a seguir ainda uma outra
na constância de um equilíbrio que tenta os Céus e o Diabo
e que corrobora toda a veracidade de tais prolixos ideais.
Encontrem ao fim do dia a luz vaga e suave que adorna a vossa palpitação
aquela luz de presença que te mantém calmo e sereno
essa, que me desfazendo de todo o egoísmo, só eu a conheço.
E é conhecendo-a que me permito aprender e dar por certa e cumprida a minha missão.
Não a conheço porque quis, ela simplesmente se deleitou em meus braços
como a pérola anómala de uma ostra que avulta na sua pequenez
movendo as mais conturbadas águas.
Nunca a procurei, ainda não toma conta de mim tal ganância, ela apareceu
na sobriedade menos esperada para uma inesperada entrada triunfal
chegou quase em silêncio, transparente...
E assim permanece até hoje, porém sempre, pois se há volta a dar, que não me mintam na existência de Nenhum, de Nenhum coração que bombeie.

: À minha Harmonia

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Au Revoir Chanson!

Parte já.
Porque esperas e admiras insensato esta flor exangue que se deleita no trilho?
Parte! que vais tarde e já nada pesas. Se não fosses ainda o ar que me sufoca perdia em mão de glória, já!
E é o amor que aflora, mas parte! Que já é hora, é hora de velar... A nuvem negra já te espera. Porque demoras? Parte meu Amor e promete que nunca mais voltas. Eu ainda espreito o Sol na saudade que devoras.Devoro a todos os segundos trémulos... Mas parte! Que me vais roubando o prazer dos segundos que de nojo se confortam. Parte e deixa as horas que me restam porque te peço, meu Amor. Mas não ouses perguntar, abraça o trilho e parte! Parte, que ainda vives e não te demores! Esperam-te no cais em que em ti calcetei a primeira pedra da vida em morte. Perdoa-me, mas parte!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

I

Previ o sustenido da tua respiração
No pleno acto da consumação
A apoteose triunfal das palavras mudas
No concreto saber da lassidão
Eu vi nos traços amargos do teu rosto
Uma cascata que chorava entre as rochas
Eu vi nas tuas mãos a angústia da fantasia
Nas entrelinhas da música que eu fazia
Mas não cantaste a vida no sopro
Cantaste sim, em trémulo desgosto
A expressão tímida da paixão
E da razão que conduziu cega a perdição…
Se contrariasse talvez de pó me construíam
Se me tentasse talvez de loucura me pregariam
Se me entregasse…
Nem na morte me destruiriam
                                                                                                                     
                                                                                                           (e assim é, por certo)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Curso Inato

Elas não passam… atormentam
Dormem ao vento de uma passada
Esmorecem ao som da saudade             
Vivem intensas no suor da verdade…
São justas nas injustiças da idade
Apagam-se nas luzes da vingança


E CORREM, correm, correm…

Sem rumo, correm com ganância
Essas horas que roubam a sinceridade do prazer
Essas horas que nada nos podem dizer
Essas que teimam em tudo por apenas saber.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Dormência


Retiro do sono
A palavra severa
De livre miséria
Que durmo no sonho
Do sono que vive
Do sonho que cresce
Em ti que não sonhas
O sono desvanece
E na palavra que retumba
Adormece-te a pálpebra
E ainda esperas de um sonho
O sono que te acalma?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Kronos


Quem cala o eco
Digno misantropo
Na calma devassa
O grito etéreo, arritmo
Dissonante na alma
De um deslize
Que se denuncia na palma
Alma… tenha calma
Tento
E perspicácia
Torne ataraxia
Para que elucide
Ignorância de viv’alma…! 

Salvador Dali - o Tempo

terça-feira, 15 de março de 2011

O Que Eu Vi…


O que eu vi
Na triste leitura da tua íris
Um mergulho disperso no vago
Tão profundo que atrasou o tempo
De anos e memórias que não conteve
Chorou ao som do esbater da luz
Envolvia-o com as minhas medidas
E acompanhava, na incompreensão, o seu trovo

Qual afago ou ternura…
Soluçava sem amparo
Meus olhos congelados assim permaneceram
Tentei cantar o embalo

Tornou um calor de chão trémulo e árido
A luz voltou… e o som!
As cores e os odores
Foi quando acordei, numa continuidade ofegante
E cai em meu amante então dilacerado
Que baqueou o meu compasso
Mas… atentei… e indaguei
Como dormia tranquilo! No seu doce respirar
Que massaja os seus lábios minuciosamente pintados
De um tom leve e de prumo, que se mantinha claro
Como o nada que esconde a orquídea do campo azul
Que é só tristeza… que não dorme a alma…
Que contém, nunca extravasa
Se é linda! Esta minha teia em meus cabelos enlaçada
Que não chora! E se chora de firmeza
É linda! E nobre…
E eu… tão fraca e feia

Um pouco mais de azul e serias fraca oh teia
Um pouco mais de razão e eu ficaria aquém oh harmonia
Assim findamos e compensamos o amor
Na mais estável fúria dos nossos lábios

Meu Amor, por quem te chamo, Este é o caminho, com todas as pedras em sintonia.

domingo, 13 de março de 2011

Libertação

Se me ponho Romântica
Ultrajo a irrelevância
(Não peco em silêncio)
Vingo a ganância

Se nele se desacredita
Apedreja-me a noite interdita
(Não peco em silêncio)
Venero a dor, expedita!

Crio fardos em lábios
Confundem odes os sábios
(Já não peco em silêncio)
Mantenho cativos os doces escárnios

Induzida, fria, altiva
Estagno a brisa nociva
Agora grito o pecado (em silêncio)
Agonizo o Amor que se aviva…

Veneno


Dominei o véu da demência
Num silêncio absorto, porém quebrado
Por ora em constância
De tal seriedade fictícia
Numa credibilidade nula abraçada
Leu-me a mim e em mim, com veemência
Um cheiro putrefacto, um suspirar abstracto
De uma alma perdida no olfacto, no toque, no acto
De um olhar vago, um contemplar morto
- É esta a loucura de um objecto inanimado.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Entre o Negro e o Azul

Qual a cor dos degraus que encontra a pétala
Adormecida
De tez plena e terna ou exângue, fria
Lívida
Num furto intencional de pele doce
Esquecida
Pelo frio que demanda a clareza
Estarrecida
Pela porta de negro carvalho alto
Estremecida?

















(Parou)
Envolto da cega luz que prevalecia
Dormente
Enlaçou a cinrcuspecção trémula, suspirando
"Sente...!"
Trôpega pétala, desmaiando a chama pelo degrau
Lentamente
Tornando seu olhar vago ao sensato
Clemente
O véu desmoronou na brandura que
Mente
O auditório sorria prolixo e
Tristemente...


(Bravo! Palmas!) - de um Alguém-Decadente

Lodo

Insígnia do complexo que parte rompendo indícios rupestres
Previne a falácia em contradição de toda a retórica
O mar uníssono em sintonia monótona perdura... conciso
Inverosímel na dor crua do antitético floral
Fauna morta por noites de fausto, tortuosas, implacáveis
Num destino inviável de cor ocre
Sem fundamentos...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Bittersweet"

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(Edvard Munch - Love and Pain aka Vampire)

A chuva nasce no silêncio novato das tuas palavras
Lágrimas de um pensar confuso idolatram a sua ventura
O encontro trémulo de uma magnitude inabalável
Indubitável ser o prazer que te sustém
Que me mantém… a força do querer
Marasmo de um corpo que detém… Poder!
Não… insaciável, pouco necessário
Querer! É o que desespero… de um som e de um gesto
Da musicalidade de teus graves com a dança de seus passos.
A nota da melancolia afaga o vulto perene
E o âmago do teu suspiro entranha-me a esquálida essência
Prevenindo a existência… que aparência! Morra…!
Possui-me até á demência, - que eloquência! - Ama-me na contradição
Até ao exílio da resistência.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

(Memórias Teia Sagaz)

Ao embebido raiar da aurora
a Harmonia procurou a brisa
no seu calmo suspiro que acorda sua alma
num fortúnio impreciso que percorre
toda a margem de seu espirito.
Contemplou tal singular e viril fisionomia
-que engana a perfeição em traços
tão nobres e concretos-
mantendo um silêncio audacioso
enquanto divagou pelo seu trilho
de prazer adormecido.
A fatalidade de criar um sorriso
recaiu sobre uma apoplexia quase explosiva
que fez esvair num olhar terno
toda a leveza encarcerada
nessa essência feminina.
Ele profetizou a palavra esquiva
que Harmonia escondia no tumulto
criticando um acordar tão preguiçoso
de uma flor que se diz tão fria.
E assim foi reencarnando o dia,
desvendando inerentes blasfémias
e olhares, então, mudos.
À Harmonia, roubou-lhe a máscara
e guardou-a para além-vida
e quanto a esta...
pois já não reaverá tal triste engano.
Enfim descobriu
que a mágoa já não pesa...
A culpa? não existe.
Agora amar?... (Ah!)... a isso já não resiste.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Teia Sagaz

(são brancas madrugadas e menos um silêncio)

Pinto na voz monossilábica de um ritual profano
A mais bela flor de lótus, o mais prazeroso aroma a jasmim,
A maior cascata de verdes inebriantes
Que exala todo o teu corpo
Em bebedeiras pendentes
De uma sinfonia inacabada - eminente.
No entanto, prendo o movimento
E rondo o Rubro constrangimento
De uma rosa deflorada, frágil, extasiada.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Rubro

Encanto-me no sono que adorna a tua pálpebra num sustenido indefinido de um Sol ou de um mi(m) enternecido.
Na magia de um respirar calmo e uníssono, de um sonho leve que se deleita sob a última visão de meu rosto...
Poder ser um todo e contemplar-te, sim, adornar-te de todo o pouco bálsamo que exalo na existência.
Sim... envolver teu vil e inebriante tronco desnudo com meus dois exangues fios de prumo numa sintonia que desfalece de tanta inspiração e dormência indissolúvel....
De um toque exaurido, completamente entregue.O meu toque... suave e louco sobre alma indomável do Meu felino. Louco! Não será... ou talvez me engane.
Idealizo sabendo nao cruzar-me com o desgosto. Não, é possivel. E nesta alma que não acredita começa a entender um néon, um branco preenchido e talvez um sonho, uma voz, o real 'Acredito'.. 



Hoje será só Harmonia.

ist der Schock vor - excerto de "um conto sem sentido"


(…) É o eminente ensaio que proclamo á cegueira…
Se é! – e os meus suspiros pairam redundantes, exclamando, negando, contemplando, divagando. Suspiros. – e insisto nesta artimanha de conceitos, palavras que já nem elas podem ver, escutar… não podem.
Pudera eu fazer de bom entendimento com que assim o visse a quimera constituinte de todas as suas partículas. É ele… pois bem visto está, não existe.
Bem querida é esta incompreensão, esmorece em constância qualquer prazeroso momento, pois que libertação em mim é nula. Um vulto! Com mil anos de medo e perfil carrancudo…
Não se pode sentir tudo até ao último suspiro, até á última gota de um bálsamo harmonioso, pois não posso. Porque não posso. – We've got nowhere to go, we've got nothing to prove
Instead of dancing alone, I should be dancing with you This song is turning me on, the beat is doing me in Or maybe it's only you, but either way, let’s begin.-
Pois, enlouqueço a cada Segundo. E é a adrenalina do segundo que na seguinte fracção encontra a súbita morte. E é assim que morro, louca demais para sentir… morro.